31 maio 2016

Amplitude do controle do Exército sobre Minifoguetes

Consegui esclarecer com o Exército algumas dúvidas que tinha em relação ao controle das atividades com minifoguetes devido ao uso de propelentes em seus motores.

O objetivo principal era saber como proceder para legalmente executar atividades de pesquisa, ensino e recreação com minifoguetes e seus motores. Para isso, dividi as minhas dúvidas em quatro casos descritos a seguir.

Caso 1:
O motor do minifoguete é uma parte de fogo de artifício comercial do tipo vara, também chamado de foguete de vara, comprado em lojas comuns de fogos de artifício. Para usá-lo em um minifoguete, retira-se geralmente a vara e a cabeça explosiva; existem alguns foguetes de vara sem cabeça explosiva. Portanto, só o propulsor do foguete de vara é utilizado. O resto do minifoguete é feito com materiais não metálicos como plástico, papelão, papel, isopor, madeira balsa etc.

Caso 2:
O motor é próprio para minifoguete, fabricado por empresa autorizada pelo Exército, como a Boa Vista Modelismo (Bandeirante). O resto do minifoguete é feito com materiais não metálicos como plástico, papelão, papel, isopor, madeira balsa etc.

Caso 3:
O motor-foguete é feito com materiais não metálicos (como PVC e tubo de acrílico) e/ou metálicos (como alumínio e aço), desenvolvido para pesquisa e ensino. Portanto, o desenvolvimento destes motores não tem fins comerciais, e é feito em universidades e outras instituições de ensino ou por estudantes ou não estudantes. O propelente é composto por um fertilizante (como nitrato de potássio - Krista K) e outro produto comercial (como açúcar) que são comercializados livremente por não estarem sob controle do Exército.

Caso 4:
O mesmo caso 3 mas o propelente utiliza um ou mais produtos controlados pelo Exército como o nitrato de potássio de alta pureza ou pólvoras.

Para os casos 1, 2 e 3 não é necessário ter autorização do Exército.

Para o caso 4 é necessário ter autorização do Exército. Este caso pode ser dividido em duas situações principais. A primeira é quando uma pessoa física pretende adquirir até 2 kg/semestre de produtos controlados; é necessário preencher um requerimento e pagar uma taxa; órgãos públicos como universidades se enquadram nessa situação mas sem o limite de 2 kg/semestre e são isentas da taxa. A segunda situação refere-se à compra de quantidades maiores ou com maior frequência; nesta situação é necessário fazer um certificado de registro no Exército, com uma burocracia maior. 
Detalhes sobre o caso 4 podem ser vistos no seguinte link:
http://www.5rm.eb.mil.br/index.php/fiscalizacao-de-produtos-controlados/

Agradeço as orientações recebidas do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 5a Região Militar do Exército Brasileiro, de Curitiba (PR).

Conclusão: quase todos os grupos e equipes brasileiros que trabalham com minifoguetes no Brasil estão de acordo com a legislação do Exército brasileiro por se enquadrarem nos casos 1, 2 e 3. E quem se enquadra no caso 4 pode trabalhar legalmente desde que atenda às exigências do Exército.

Adendo: os propelentes e motores dos casos 1, 2 e 3 só podem ser usados da forma que são comprados. Portanto, se alguém retirar a pólvora de foguetes de vara para fazer um motor maior, terá que ter autorização do Exército para isso. Bem como se purificar o fertilizante de nitrato de potássio pois a produção de nitrato de potássio é fiscalizada pelo Exército. 

21 maio 2016

Festival 2017 [2]: primeiras decisões

Ontem a Comissão Deliberativa do Festival de Minifoguetes 2017 esteve reunida na UFPR.

Foi decidido o seguinte:

Título do evento: IV Festival Brasileiro de Minifoguetes

Data: na semana de 13 a 19 de fevereiro de 2017 (os dias exatos ainda serão definidos)

Serão aceitos quaisquer tipos de materiais nos motores e nos minifoguetes, incluindo materiais metálicos.

Haverá 5 categorias de apogeu exato: 50, 100, 200, 500 e 1000 m

Haverá apenas 2 ou 3 categorias de apogeu máximo. Os motores a serem usados no Festival serão fornecidos pela Organização do Evento momentos antes dos lançamentos. Mas os tipos de motores a serem usados serão divulgados em breve, bem como resultados de testes estáticos para as equipes usarem em seus projetos. As equipes poderão comprar os motores dos fabricantes para usar em testes antes do evento. Provavelmente serão usados motores das classes A e C e outra a ser definida.

O ângulo de lançamento deverá ser de 80 +ou- 1 grau com a horizontal.

Os minifoguetes deverão ter sistema de recuperação para reduzir a velocidade máxima de queda a no máximo 36 km/h.

Se o sistema de recuperação não funcionar, o minifoguete será desclassificado, não valendo o seu voo para premiação.

Cada equipe só poderá fazer um lançamento em cada categoria.

Para cada categoria que uma equipe participar, ela deverá apresentar dados e vídeos para comprovar a estabilidade e funcionamento adequado do motor e do sistema de recuperação do minifoguete em dois voos antes do evento. O minifoguete inscrito para o Festival deverá ter as mesmas características físicas (geométricas, materiais e de massa) dos dois testes antes do evento.

As demais regras do Festival 2016, que não conflitam com as decisões acima, serão mantidas.

Em junho pretende-se divulgar as regras detalhadas do evento.

Festival 2017 [1]: definida a Comissão Deliberativa

O próximo Festival de Minifoguetes terá uma nova organização administrativa.

Haverá a Comissão Deliberativa que será responsável por definir as regras, decidir sobre casos omissos e servirá de instância para as equipes recorrerem, principalmente sobre resultados das competições.

Já a Comissão Organizadora será responsável pela organização do evento e sua execução.

A Comissão Deliberativa é composta por:
  1. Alysson Nunes Diógenes, doutor em engenharia mecânica e professor na UP
  2. Carlos Henrique Marchi, doutor em engenharia mecânica e professor na UFPR (presidente)
  3. Diego Fernando Moro, doutorando em engenharia mecânica na UFPR
  4. Eduardo Matos Germer, doutor em engenharia mecânica e professor na UTFPR de Curitiba
  5. Guilherme Bertoldo, doutor em engenharia mecânica e professor na UTFPR de Francisco Beltrão
UFPR: Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR
UP: Universidade Positivo, Curitiba, PR
UTFPR: Universidade Tecnológica Federal do Paraná

17 maio 2016

Recordes brasileiros de minifoguetes

Recordes Brasileiros de Minifoguetes

comprovados com altímetro de bordo

6ª edição: 17 de maio de 2016 (resumo)

Este documento apresenta os recordes brasileiros relacionados a minifoguetes, registrados pela Associação Brasileira de Minifoguetes ou Brazilian Association of Rocketry (BAR).

Apogeu máximo para minifoguete com um único motor em cada classe/categoria

Categoria
Recorde (m)
Data
Minifoguete
Nome/Equipe
NAR (m)
Classe 1¤8A
    17
21 Abr 2016
Gavião Miudinho
Greave/UP

Classe 1¤4A
    58
05 Mar 2016
Épsilon-24
Épsilon-LAE/UFPR
   62
Classe 1¤2A
   121
08 Fev 2015
Alfa-6
UFPR-Alfa
  151
Classe A
   169
20 Abr 2015
Alfa-19
UFPR-Alfa
  313
Classe B
   336
12 Dez 2015
Gama-13
Gama-LAE/UFPR
  353
Classe C
   423
19 Abr 2015
Gama-10
UFPR-Gama
  508
Classe D
   261
22 Abr 2016
Bixcoito-9
GFRJ/UERJ
  856
Classe E
   723
08 Ago 2015
Épsilon-8
UFPR-Épsilon
 1359
Classe F
   370
19 Dez 2015
Netuno-R/Paraná-I
LAE/UFPR
 1701
Classe G




 2071
NAR: National Association of Rocketry (Estados Unidos) [recordes acessados em 10 Abr 2016]

Apogeu exato para minifoguete com um único motor de qualquer classe

Categoria
Recorde (m)
Data
Minifoguete
Nome/Equipe
  50 m
    54
18 Abr 2015
Alfa-14
UFPR-Alfa
 100 m
    94
18 Abr 2015
Pluto-3
UFPR-Alfa
 150 m
   159
12 Abr 2014
LAE-22
UFPR-Fixo
 200 m
   199
20 Jun 2015
Beta-10
UFPR-Beta
 400 m
   406
14 Dez 2014
Épsilon-1
UFPR-Épsilon
 800 m
   626
19 Abr 2015
Épsilon-9
UFPR-Épsilon
1000 m
   668
13 Abr 2014
LAE-36
UFPR-Livre

Outros tipos de recordes

Categoria
Recorde
Data
Minifoguete
Nome/Equipe
Velocidade máxima (km/h)
 539
01 Fev 2015
Gama-5
UFPR-Gama
Aceleração máxima (g)
  24,9
13 Abr 2014
LAE-36
UFPR-Livre
Maior tempo de voo até o apogeu (s)
  11,7
08 Ago 2015
Épsilon-8
UFPR-Épsilon
Maior tempo total de voo (s)
 183,1*
08 Ago 2015
Épsilon-13
Épsilon-LAE/UFPR
g = 9,80665 m/s2; * baseado em um cronômetro e um vídeo em solo

Observações:
1) Os recordes da NAR servem de referência aos brasileiros.
2) Os pedidos de registro de novos recordes podem ser feitos por qualquer pessoa ou equipe do Brasil, de estudantes de qualquer nível ou não estudantes, equipes mistas, não havendo nenhum tipo de restrição.
3) Só serão aceitos recordes estabelecidos por brasileiros.
4) Pedidos de registro de novos recordes devem ser enviados para minifoguete@gmail.com, junto com os dados do novo recorde. Para ser reconhecido um recorde, talvez sejam solicitadas informações adicionais.
5) Só serão reconhecidos recordes obtidos com altímetro de bordo que registrem a trajetória pelo menos até o apogeu. Todos os dados obtidos pelo altímetro durante o voo deverão ser enviados para o registro.
6) Qualquer dúvida e proposta de novas categorias poderão ser enviadas para minifoguete@gmail.com.

Carlos Henrique Marchi

Associação Brasileira de Minifoguetes

Brazilian Association of Rocketry (BAR)

06 maio 2016

Como obter autorização da Aeronáutica para lançar minifoguetes

Atenção (1 Mar 2022): houve alteração no procedimento, que em breve divulgarei.


Desde 2014 venho dedicando um pouco de tempo à questão da Regulamentação das Atividades de Grupos Amadores com Minifoguetes no Brasil, contando com o apoio das seguintes pessoas: prof. Eduardo Germer (UTFPR), prof. Antonio Carlos Foltran (UP), advogada Ana Paula (assessora parlamentar do Deputado Estadual Requião Filho,  PMDB-PR), Deputado Federal João Arruda (PMDB-PR), Luiz Fernando Delazzari (assessor do Senador Roberto Requião, PMDB-PR) e oficiais e técnicos do CINDACTA II (Curitiba). Sou muito grato a todos eles pelo apoio e colaboração.

O Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica (RBHA) 101 permitia o lançamento de espaçomodelos com até 125 g de propelente e pesando no máximo 500 gramas, sem necessidade de autorização dos órgãos de controle do espaço aéreo brasileiro.

Porém, este regulamento foi revogado em 2012 pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

Em relação ao lançamento de minifoguetes passaram a vigorar duas Instruções do Comando da Aeronáutica (ICA-100-12 e 100-3) junto com a Portaria 1.141/GM5.

Segundo a ICA-53-4, de 2014, em sua página 20, para lançamento de foguetes, deve-se solicitar a Divulgação de Informação Aeronáutica ao CINDACTA (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) da área.

Seguindo isso, em janeiro de 2015 fizemos um pedido de NOTAM ao CINDACTA II de Curitiba, que foi recusado inicialmente. Depois de uma reunião com o comando deste órgão, em abril de 2015, com explicações sobre minifoguetes, trajetória etc, fizemos um novo pedido em maio cujo texto está abaixo, o qual pode servir de modelo para outros grupos de foguetes e pessoas.

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Curitiba, 16 de maio de 2015.

Ao
Diretor do CINDACTA II
  
Assunto: solicitação de divulgação de informação aeronáutica (Prenotam)
  
Prezado Senhor Diretor,
  
Por favor, solicito a divulgação de informação aeronáutica relativa ao lançamento de minifoguetes nos seguintes dias:

Data 1: dia 20 de junho de 2015 (sábado), nos horários da tabela abaixo.

Data 2: dia 27 de junho de 2015 (sábado), nos horários da tabela abaixo.

A data 2 é uma alternativa à data 1, no caso de chover ou haver vento muito forte no dia 20 de junho. No caso das atividades serem executadas na data 1, não será necessário usar a data 2.

O lançamento destes minifoguetes é uma atividade relacionada ao projeto de pesquisa Validação em propulsão e aerodinâmica de foguetes, que é coordenado por mim, no Departamento de Engenharia Mecânica, da Universidade Federal do Paraná, e financiado pela CAPES, órgão de pesquisa do Governo Federal.

O ponto de lançamento tem as seguintes coordenadas:
S 25º 24’ 4.7”
W 49º 7’ 14.94”
Altitude em relação ao nível do mar: 925 metros
           
O cilindro do espaço aéreo a ser restringido em torno do ponto de lançamento é:
Altura: 800 metros
Raio: 200 metros
           
Pretendemos lançar quatro minifoguetes que têm as características descritas na tabela abaixo.

Lançamentos previstos para o dia 20 de junho de 2015
MF
hora
M (g)
L (mm)
D (mm)
V (km/h)
H (m)
t (s)
Beta-10
15:30
83
400
25
201
200
24
Epsilon-12
16:00
146
610
20
319
400
47
Epsilon-10
16:30
137
554
20
498
625
62
Epsilon-8
17:00
119
471
20
550
800
80
Legenda:
MF: nome do minifoguete
hora: horário previsto para o lançamento
M (g): massa total do minifoguete na decolagem, em gramas
L (mm): comprimento total do minifoguete na decolagem, em milímetros
D (mm): diâmetro máximo do corpo do minifoguete na decolagem, em milímetros
V (km/h): velocidade máxima que o minifoguete deverá atingir
H (m): altura máxima que o minifoguete deverá atingir, em relação ao solo, em metros
t (s): tempo total de voo do minifoguete, em segundos

Estou à disposição para prestar esclarecimentos adicionais.

Nestes termos, peço seu deferimento.

Atenciosamente,
  
Prof. Carlos Henrique Marchi, Dr.Eng.Mec.

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No dia 12 de junho recebemos a notícia de que o pedido acima foi deferido.

Após isso, já fizemos mais seis pedidos ao CINDACTA II, que também foram deferidos, para lançamentos realizados em 2015 e 2016, incluindo os lançamentos feitos em 22 de abril de 2016 durante o III Festival de Minifoguetes de Curitiba.

Conclusão: acredito que qualquer equipe ou grupo de estudantes, ou não, consiga autorização para lançar seus minifoguetes, desde que faça um pedido ao CINDACTA da área, explicando suas atividades. No caso do pedido ser negado, recomendo fazer uma reunião com o comando do Cindacta para explicar suas atividades com minifoguetes e citar o nosso caso da UFPR com o Cindacta II. Estou à disposição para ajudar sobre isso.

Da reunião com o CINDACTA entendi que não é necessário autorização para efetuar lançamentos em áreas despovoadas cujos minifoguetes não ultrapassem 152 metros de apogeu, ou em áreas povoadas com apogeu abaixo de 305 metros.

Agora restam as questões da fabricação de minifoguetes experimentais, seus propelentes e o transporte deles entre os locais de fabricação e lançamento, atividades que são controladas pelo Exército.